O papel da inovação tecnológica para o desenvolvimento da indústria no Brasil
- Por Neri dos Santos
- Jul 10, 2012
- 2 min read
Neste momento de recuperação lenta da economia mundial e das crescentes pressões fiscais enfrentadas pelas economias avançadas, é importante resistir às pressões para cortar os investimentos em pesquisa, desenvolvimento e inovação.
A sociedade e as empresas brasileiras não suportam mais a excessiva carga tributária. É inadmissível que um carro popular produzido no Brasil custe o dobro que o mesmo carro produzido na Europa. Isso também acontece com outros produtos industrializados que a população brasileira deve ter acesso, mas com preços compatíveis com o seu poder aquisitivo. Infelizmente, a carga tributária no Brasil atingiu níveis somente comparáveis aos países nórdicos da Europa, onde o retorno do Estado para a população é muito mais significativo.
O nosso cipoal fiscal e tributário precisa de reforma, que sucessivos governos têm-se esquivado de enfrentar, devido ao constante aumento da arrecadação de impostos nos últimos anos e das dificuldades de compatibilizar os diferentes interesses políticos dos entes federados. Outro problema crônico é o da governança pública. Aqui, essas questões ainda estão mal resolvidas. A primeira a ser enfrentada é a redução drástica dos cargos comissionados, reservados aos companheiros de partidos, em todas as esferas de governo, e que são os responsáveis pela endêmica corrupção na administração pública.
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Temos que nos alinhar com os países desenvolvidos que, numa eventual troca de governo, mudam apenas alguns cargos diretamente ligados aos níveis estratégicos. Os cargos de nível gerencial pertencem à burocracia do Estado e devem ser permanentes para evitar as descontinuidades administrativas, tão comuns na administração pública brasileira.
Apesar de ganhos substanciais que o Brasil venha a obter com uma reforma tributária que reduza os tributos a níveis suportáveis e de significativas melhorias que venham a ser implantadas na governança pública, na educação básica e média, na infraestrutura e na educação técnica e tecnológica, no longo prazo os padrões de vida da população brasileira somente poderão ser melhorados pela inovação tecnológica da indústria nacional. A inovação é, particularmente, importante para as economias que se aproximam das fronteiras do conhecimento. Mas mesmo países menos avançados, como o Brasil, que ainda podem melhorar a sua produtividade por meio da adoção de tecnologias já existentes ou fazer melhorias incrementais em outras áreas, a inovação tecnológica de sua indústria, baseada no conhecimento e na inteligência competitiva, é um imperativo para aumentar a produtividade.
Se nós pretendemos ser a quinta economia do planeta até 2025, então as empresas brasileiras devem projetar e desenvolver produtos de ponta e processos para manter uma vantagem competitiva. Esta progressão exige um ambiente que seja propício para a atividade inovadora, apoiada pelos setores público e privado. Isso significa um investimento suficiente em pesquisa, desenvolvimento e inovação (PD&I), de forma a alcançarmos, no mínimo, 2% de nosso PIB nesta área. Da mesma forma, temos que ter instituições de pesquisa científica e tecnológica de alta qualidade, uma ampla colaboração de pesquisas entre universidades e a indústria, e da proteção da propriedade intelectual.
Neste momento de recuperação lenta da economia mundial e das crescentes pressões fiscais enfrentadas pelas economias avançadas, sobretudo da Europa, é importante que os setores público e privado no Brasil resistam às pressões para cortar os investimentos em pesquisa, desenvolvimento e inovação, que será crítica para o nosso desenvolvimento sustentável futuro.
Neri Dos Santos é professor da UFSC e consultor da Knowtec.
Fonte: www.administradores.com.br

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